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Ficção 20/06/2025

A Neblina de Azenhas do Mar

A Neblina de Azenhas do Mar

Era madrugada quando a neblina começou a se formar sobre os penhascos de Azenhas do Mar. Helvio Brasão, sozinho, estaciona seu carro diante da pequena casa branca indicada por Teresa Damásio. O som do mar se mistura ao vento, e tudo parece mais denso, mais pesado. Como se o próprio tempo resistisse à ideia de avançar.

Ele segura o envelope lacrado em mãos, sentindo o peso do mistério. Quando finalmente rompe o lacre, encontra dentro uma carta datada de 1963, mas escrita em francês. O conteúdo parece uma despedida. M., com palavras aflitas, alerta L. sobre uma traição iminente. Fala de um encontro marcado que nunca aconteceu. E de uma chave escondida sob a estátua de São Vicente, padroeiro de Lisboa.

Mais intrigante, porém, é o rodapé: 

"Se algum dia essas palavras forem lidas por alguém que não é você, é porque falhamos. E o preço da verdade ainda será cobrado."

No mesmo instante, Lara chega sem aviso. Ela havia rastreado a localização de Helvio pelo celular após receber uma foto anônima dele parado diante da casa. Tensa, ela exige saber por que Teresa entregou algo apenas a ele. Helvio, paciente, compartilha o conteúdo da carta.

Isso aqui muda tudo, Lara. M. sabia que estava sendo seguida. E acreditava que alguém do próprio grupo a entregaria.

Lara tenta conter as lágrimas. Seu pai sempre fora o exemplo de coragem e integridade. A ideia de que ele poderia estar envolvido em uma traição é insuportável.

Enquanto ambos discutem, notam um vulto se afastando pelas pedras à beira-mar. Eles correm até lá, mas não há ninguém. Apenas pegadas que desaparecem com a maré.

Dentro da casa, eles encontram um compartimento escondido atrás de uma lareira desativada. Lá, uma caixa metálica, trancada. Sem chave. Ao lado dela, um lenço antigo com as iniciais bordadas: MD

Helvio decide levá-la para o laboratório de análises documentais da Universidade de Lisboa. Mas, antes de saírem, ele segura a mão de Lara, pela primeira vez sem barreiras profissionais entre eles. Um gesto simples, mas cheio de tensão emocional.

 Se formos até o fim com isso, não há retorno diz ele.

Lara apenas acena com a cabeça. Mas seus olhos dizem mais. Na neblina, entre o medo e o desejo, algo novo começa a nascer.

Enquanto isso, em um apartamento escuro em Lisboa, uma mulher idosa recebe uma ligação.
Eles acharam a caixa. Prepare-se. O nome dela voltará aos jornais.

E do outro lado da linha, uma voz feminina responde:

Então é hora de eu voltar a ser M.

"Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."


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