Com uma carreira de 26 anos, 17 discos lançados e mais de 300 músicas compostas, Raul Seixas completaria neste sábado (28) 80 anos. Considerado o pai do rock brasileiro, o soteropolitano criou um estilo único ao fundir o rocknroll influenciado por Elvis Presley com elementos do baião, da filosofia e da crítica social. Ícone da contracultura e voz atemporal da liberdade, Raul encantou o país com letras como Maluco Beleza, Metamorfose Ambulante, Ouro de Tolo, Sociedade Alternativa, entre outras canções eternizadas na cultura brasileira.
Sua trajetória foi marcada por obstáculos e persistência. Após formar sua primeira banda, Os Panteras, ainda na década de 1960, Raul mudou-se para o Rio de Janeiro, enfrentou dificuldades financeiras e insucessos iniciais até encontrar reconhecimento nacional com o disco Krig-ha, Bandolo! (1973). Entre parcerias importantes, destacou-se sua fase com Paulo Coelho, marcada pelo misticismo e letras filosóficas, e depois com Cláudio Roberto, seu parceiro mais constante.
Apesar do fascínio por temas como ocultismo, Raul nunca se definiu como seguidor. Era, segundo o amigo e fã Sylvio Passos, um anarquista, um materialista dialético e um observador da humanidade. "Se você quer me conhecer de fato, ouça meus discos eu estou inteiro lá", dizia o cantor.
Raul enfrentou sérios problemas de saúde decorrentes do alcoolismo e faleceu em 1989, aos 44 anos, vítima de uma parada cardíaca. Desde então, a Passeata Raulseixista, realizada anualmente em frente ao Theatro Municipal de São Paulo, celebra sua vida e legado. A jornalista Mayara Grosso, filha de fãs, transformou essa vivência em livro-reportagem, mostrando como Raul transcende o tempo como símbolo de liberdade, amizade e afeto familiar.
Mais que cantor, Raul Seixas foi um fenômeno cultural. Um espírito inquieto que transformou sua visão de mundo em música e deixou, para sempre, sua marca na alma do Brasil.
Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br
Foto: Acervo Discogs