Após o reencontro com Beatriz, Lara se sente pronta para encarar o que ainda resta: o verdadeiro fim daquela história que começou atrás de uma parede falsa e agora ecoa por gerações.
Rafael liga para Helvio novamente. Eles marcam de se encontrar numa casa de campo em Palmela, onde segundo ele há um cofre escondido com "o documento que motivou todas as cartas, todas as fugas, todas as mortes silenciosas".
Beatriz decide ir junto. Lara quer que os pais biológicos se encarem. Não como fantasmas do passado, mas como sobreviventes. E Helvio, sempre ao lado, sente que algo naquele final ainda está para ser desenterrado no literal e no simbólico.
A casa em Palmela está abandonada. Mas no porão, sob uma laje de pedra solta, encontram o cofre. A chave, trazida por Rafael, abre com facilidade. Dentro, apenas um envelope lacrado com cera preta. E um nome manuscrito com letra firme:
"Plano Miragem 1965"
Ao abrirem, o choque: o conteúdo é uma planta detalhada da Torre do Tombo, o arquivo nacional, e a transcrição de um plano para infiltrar agentes do regime em universidades estrangeiras sob a fachada de "bolsistas culturais". Mais do que isso: os documentos revelam nomes de pessoas da elite política e acadêmica portuguesa muitos ainda vivos, ocupando cargos de influência.
Isso aqui não pode ser real sussurra Lara.
É por isso que sempre disseram que o documento nunca existiu diz Beatriz. Mas ele existia. E nós o escondemos, protegemos e esperamos. Só que agora... ele pertence ao mundo.
Helvio, com os olhos fixos nas folhas amareladas, percebe algo: o papel não é só papel. Há uma segunda camada. Ao raspar cuidadosamente, revela-se um microfilme embutido, com registros visuais da conspiração, reuniões secretas e até um áudio com uma confissão de um ministro da época.
Isso vai virar o país de cabeça pra baixo diz Rafael.
Mas antes que possam decidir o que fazer, o celular de Helvio vibra. Uma mensagem anônima:
"Se esse material vier à tona, vocês não chegarão ao amanhecer."
No mesmo instante, um disparo rompe o vidro da janela da casa. Helvio empurra Lara e Beatriz ao chão. Rafael grita:
FUJAM! Isso nunca foi só sobre o passado!
Enquanto correm pelos fundos, o envelope é colocado em uma mochila. O mundo lá fora já não é o mesmo. E agora, o que eles carregam não é só o desfecho de uma história romântica e política é uma bomba histórica.
Nos últimos segundos, em um gabinete de luxo em Lisboa, um homem de terno elegante observa câmeras de segurança. Ele sorri friamente.
Eles foram longe demais.
"Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."