Na extensão litorânea conhecida como Linha Verde, que liga o litoral norte da Bahia ao sul de Sergipe, pulsa uma riqueza cultural que vai muito além das praias paradisíacas. Ali, entre coqueirais, vilarejos e reservas naturais, vivem comunidades que carregam no dia a dia a força de suas tradições, transmitidas de geração em geração. São histórias contadas de pés descalços, com o coração aberto e o olhar firme de quem conhece o valor da terra, da fé, da dança e do trabalho coletivo.

Essas comunidades formadas por pescadores, marisqueiras, rendeiras, agricultores familiares e mestres da cultura popular revelam, com simplicidade e sabedoria, um modo de vida que resiste ao tempo e ao avanço da urbanização. As rodas de samba de roda, os terreiros de candomblé, os cortejos de reisado, as festas de padroeiro e as celebrações da colheita são algumas das expressões que tornam cada vila um território único de memória e pertencimento.

O projeto "De Pés Descalços" propõe justamente isso: ouvir quem vive, sente e constrói essa cultura todos os dias. São depoimentos de moradores de locais como Diogo, Imbassaí, Baixio, Mangue Seco e Subaúma pessoas que se reconhecem nos saberes herdados, na comida feita no fogão a lenha, na cura pelas ervas e na convivência comunitária. Ao dar voz a esses protagonistas, a iniciativa fortalece o sentimento de identidade e preserva um patrimônio imaterial que é tão valioso quanto invisível aos olhos apressados do turismo convencional.

Além de registrar histórias, o projeto também promove encontros, oficinas e ações educativas nas próprias comunidades, incentivando os jovens a conhecer e valorizar suas raízes. Afinal, é no contato direto com os mais velhos, com os contadores de causos e com os mestres da cultura, que se aprende o que não está nos livros.

"De Pés Descalços" é um convite ao respeito, à escuta e à valorização do que é essencial: as pessoas e suas histórias. Mais do que um passeio turístico, é uma imersão sensível no que faz da Linha Verde um território vivo de cultura e tradição.