• google plus bahia em tempo real
  • facebook bahia em tempo real
  • twitter bahia em tempo real
  • youtube bahia em tempo real
Variedades 04/07/2025

Do Silêncio à Indiferença: A Evolução dos Três Macacos na Era Digital

Do Silêncio à Indiferença: A Evolução dos Três Macacos na Era Digital

Durante séculos, os três macacos sábios Mizaru (não vê o mal), Kikazaru (não ouve o mal) e Iwazaru (não fala o mal) representaram um antigo provérbio oriental que prega a integridade moral, a moderação e a responsabilidade diante do que se vê, ouve e diz. A imagem dos três macacos é usada amplamente como um lembrete de autocontrole diante das negatividades do mundo. Mas, no século XXI, uma nova figura se junta a esse grupo simbólico: o quarto macaco, indiferente, vidrado na tela do celular. O novo gesto? "Tô nem aí, tô no celular."

Este novo "macaco digital" não simboliza exatamente a sabedoria, mas um reflexo inquietante do comportamento contemporâneo. Vivemos em uma era onde a superexposição à informação, às redes sociais e às notificações constantes moldou uma geração hiperconectada e, paradoxalmente, desconectada da realidade à sua volta. O "tô nem aí" é menos sobre proteção mental e mais sobre fuga: fuga de conversas reais, de compromissos sociais, da empatia com o outro e, muitas vezes, de si mesmo.

Diferente dos três primeiros, que optam por não absorver o mal do mundo como uma forma de manter sua paz e valores, o quarto macaco representa uma alienação voluntária. Ele está ali, fisicamente presente, mas mentalmente ausente deslocado em um universo digital que oferece conforto instantâneo, mas também isolamento e distração.

Esse novo símbolo é uma crítica silenciosa à nossa dependência tecnológica. Ele não quer saber das injustiças, das conversas incômodas, dos sons do mundo real. Enquanto os três primeiros buscavam proteger a consciência e a ética, o quarto se contenta em apenas não participar.

Não se trata de demonizar a tecnologia ela é útil, necessária e transformadora. O problema está no desequilíbrio. O novo macaco nos convida a refletir: estamos usando a tecnologia como ferramenta de evolução ou estamos sendo moldados por ela a ponto de nos tornarmos indiferentes ao que importa?

Na era dos "scrolls" infinitos, talvez seja hora de retomar a sabedoria dos macacos originais e, quem sabe, ensinar ao quarto uma nova postura: olhar, ouvir e falar com consciência, presença e propósito.


Bahia Tempo Real no ar