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Cultura 18/08/2025

Forró o ano inteiro: a luta dos artistas para não serem lembrados apenas em junho

Forró o ano inteiro: a luta dos artistas para não serem lembrados apenas em junho

O forró é, sem dúvida, um dos pilares da identidade cultural nordestina. Ritmado pela sanfona, zabumba e triângulo, ele embala histórias de amor, resistência e alegria. Porém, apesar de sua força e representatividade, ainda persiste um desafio: a concentração de sua visibilidade quase que exclusivamente no mês de junho, durante os festejos juninos. Para muitos artistas, essa sazonalidade limita oportunidades e cria um cenário injusto para quem dedica a vida inteira a esse gênero.

Durante o São João, cidades se transformam em verdadeiros palcos a céu aberto, e o forró domina as praças, rádios e televisões. Nomes consagrados dividem espaço com jovens talentos em busca de reconhecimento. Mas, passado o brilho das fogueiras, os músicos enfrentam o silêncio do mercado. Casas de show, patrocinadores e até mesmo os meios de comunicação reduzem drasticamente o espaço dedicado ao ritmo, como se ele não tivesse força suficiente para embalar outras épocas do ano.

Essa realidade gera consequências diretas na vida dos artistas. Muitos deles dependem exclusivamente dos contratos juninos para sustentar suas carreiras, o que cria um ciclo de instabilidade financeira e profissional. Outros, na tentativa de manter uma agenda constante, adaptam repertórios ou buscam alternativas em gêneros mais "comerciais", sem abandonar suas raízes, mas sendo obrigados a se reinventar para sobreviver.

Ainda assim, há resistência e mobilização. Produtores culturais, associações e os próprios músicos vêm se articulando para fortalecer o movimento "forró o ano inteiro". A proposta é simples, mas desafiadora: inserir o forró em festivais, temporadas culturais, programações televisivas e digitais ao longo de todos os meses. Exemplo disso são iniciativas em algumas cidades nordestinas que promovem circuitos mensais de forró, valorizando tanto os grandes nomes quanto os artistas locais.

Outro fator essencial é a digitalização. Plataformas de streaming e redes sociais abriram novas possibilidades para que bandas e cantores alcancem públicos além das fronteiras regionais. Vídeos de shows, clipes e conteúdos criativos têm ajudado a manter a chama acesa fora de junho, conquistando jovens ouvintes e ampliando o alcance do gênero.

O forró não é apenas música de festa junina; é uma manifestação cultural que traduz a alma do povo nordestino. Reconhecer isso significa garantir espaço digno aos artistas que mantêm viva essa tradição. A luta por visibilidade permanente é, antes de tudo, um ato de valorização da cultura brasileira. Afinal, se o sertanejo, o samba e o funk ocupam espaços contínuos no cenário musical, por que o forró não pode ter seu lugar de honra todos os dias do ano?


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