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Ficção 18/06/2025

A Parede que Sussurra Segredos

A Parede que Sussurra Segredos

Durante a reforma de um sobrado antigo no bairro da Graça, em Lisboa, um grupo de operários descobre algo incomum. Ao demolir uma parede de gesso esquecida atrás de um armário embutido, eles revelam uma pequena cavidade escondida. Dentro, protegida por um tecido de linho amarelado, repousava uma caixa de madeira envelhecida pelo tempo e pelo silêncio.

O proprietário da casa, um jovem arquiteto chamado Dinis Moreira, imediatamente pressente o valor daquele achado. Ao abrir a caixa, encontra dezenas de cartas datadas entre 1959 e 1965, todas escritas à mão, com caligrafia primorosa, em papel de qualidade. O detalhe que mais o intriga, porém, são as iniciais: M. para o remetente e L. para o destinatário. Nenhum sobrenome. Nenhuma pista direta.

Dinis não hesita. Entra em contato com Helvio Brasão, investigador de fraudes culturais, conhecido por desmascarar quadros falsificados em galerias parisienses e manuscritos fabricados em universidades de prestígio. Helvio, cético por natureza, não se impressiona com cartas antigas. Até que lê a primeira.

"Lisboa arde em segredos, mas só você sabe o ponto exato onde a combustão começa."

Aquilo não era um bilhete de amor qualquer. Helvio percebe, já nos primeiros trechos, padrões, repetições, e referências que soavam mais como instruções do que confissões amorosas. Análises preliminares indicam que as cartas foram escritas por duas pessoas ligadas a movimentos políticos reprimidos pela PIDE  a temida polícia secreta do Estado Novo. Mais do que amantes, M. e L. pareciam cúmplices.

Ao longo de algumas semanas, Helvio se vê cada vez mais envolvido. Ele convoca uma criptógrafa, Lara Vieira, especialista em cifras históricas. Mas o que ele não sabia, e Lara esconde com tensão visível, é que seu falecido pai, Joaquim Vieira, poderia ser o tal "L." das cartas.

Enquanto Lara decifra os primeiros códigos referências cruzadas com poemas de Pessoa, siglas militares e endereços camuflados Helvio percebe algo ainda mais inquietante: os remetentes das cartas, tidos como mortos ou desaparecidos durante a ditadura, ainda vivem. E, pior, mentiram para proteger um segredo que pode abalar a história recente de Portugal.

Enquanto isso, em um vilarejo costeiro chamado Azenhas do Mar, uma mulher idosa lê no jornal sobre a descoberta das cartas e desmaia em sua sala. Uma sombra do passado acaba de se levantar  e não vai descansar tão cedo.

"Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."


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